Reflexões sobre o NBB

Reflexões sobre o NBB

Neste sábado (1), o Flamengo conquistou o bicampeonato do NBB ao vencer o Uberlândia por 77 a 70, na HSBC Arena, no Rio de Janeiro. A conquista foi merecidíssima, pois o Mengão foi disparado o melhor time da competição.

A equipe carioca venceu a partida graças ao bom aproveitamento nos arremessos de dois pontos: 22 acertos em um total de 29 bolas arremessadas (aproveitamento de 75%). O pivô Caio Torres foi o grande destaque do jogo, com 23 pontos e 10 rebotes.

Alfredo Lauria - Basketeria
Alfredo Lauria – Basketeria

Esperava um pouco mais da equipe de Uberlândia, principalmente do norte-americano Robert Day, grande esperança dos mineiros. O ala fez apenas oito pontos, convertendo apenas duas bolas de três pontos em oito arremessos no total. Para piorar, o pivô Luis Gruber, cestinha da equipe com 20 pontos, ficou muito tempo no banco de reservas por causa do número de faltas.

O cenário estava espetacular. A torcida do Flamengo lotou a arena e fez uma festa muito bonita. Seria tão bom se isso fosse comum durante todo o campeonato e que tivéssemos mais arenas lotadas espalhadas pelo Brasil. Quero ressaltar também a organização do NBB, que a cada temporada vem se aperfeiçoando e caminhando para que tenhamos uma competição cada vez melhor.

Porém, algumas coisas devem ser analisadas com frieza. Ter uma final de campeonato em um jogo único às 10 horas da manhã é algo para ser revisto. Infelizmente, isso é difícil de ser mudado, pois todos nós sabemos que a final nesse formato é uma exigência da TV Globo, detentora dos direitos de transmissão. Vejo essa final em jogo único como uma migalha da Globo para o basquete. A transmissão no canal aberto começou às 9h55, ou seja, cinco minutos antes do jogo, e as imagens da festa no final não duraram mais que dez minutos. Ah esqueci, tinha TV Globinho na sequência.

Fico imaginando como seria fantástico uma série entre Flamengo e Uberlândia em melhor de cinco jogos, com ginásios lotados e tudo mais. É um crime a torcida de Uberlândia, que apoiou a equipe durante o campeonato inteiro, não ter a oportunidade de ver o seu time jogando uma final de campeonato nacional na sua própria cidade.

Outra coisa que me incomodou foi a punição-liberação do Caio Torres para a final. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do basquete havia punido o pivô e o ala Marcelinho Machado (que não atuou por estar contundido) por 30 dias por conta da briga generalizada em São José, na 4ª partida da série semifinal. Foi uma excelente oportunidade para se mostrar que o basquete deve ser levado a sério, mas não foi isso que aconteceu. Primeiro houve a punição, mas logo depois veio o efeito suspensivo e a liberação do jogador para a final. A imagem que se passa é a de que tudo pode, para tudo se dá um jeitinho.

Para finalizar, gostaria de falar novamente sobre a Globo. Não contesto o fato da emissora ser a detentora dos direitos de transmissão. Nada mais justo, já que é a emissora com maior poder financeiro. Porém, apenas a final é transmitida na tv aberta, e o Sportv não passa todos os jogos. Por que não deixar outras emissoras transmitirem os jogos que o Sportv não for passar?

Não me iludo com o fato da Globo transmitir a final na tv aberta. Não acho que a Globo esteja interessada no crescimento do basquete. Acredito que ela está interessada apenas em ter o monopólio do negócio, assim como é feito com outros esportes aqui no nosso país.

De qualquer forma, parabéns ao Flamengo, parabéns ao Uberlândia e parabéns a todos – jornalistas, torcedores, dirigentes, técnicos, jogadores – que se esforçam todos os dias para que o nosso basquete cresça e volte aos tempos de glória de Wlamir Marques, Amaury Passos, Oscar, etc.